Responsáveis pelo ataque tinham credenciais de acesso, de acordo com o Ministério; porém, ministros descartam sabotagem interna
Após um massivo ataque cibernético que interrompeu os principais sistemas do Ministério da Saúde (MS) no Brasil, o órgão governamental informa que, enfim, todas as suas plataformas estão online e funcionais novamente.
De acordo com nota divulgada pelo Ministério da Saúde no dia 14 de janeiro, “a maioria dos sistemas foi restabelecida”. O ataque cibernético aconteceu no início de dezembro de 2021 e derrubou a maior parte dos sites da rede do ministério, incluindo o ConecteSUS, que detém os dados de vacinação da população brasileira contra a COVID-19.
O prazo para a recuperação total dos sistemas é sexta-feira, dia 21 de janeiro.
As consequências do ciberataque ao Ministério da Saúde
Com a paralisação resultante do ataque cibernético, dados cruciais sobre a pandemia, incluindo número de casos, mortes e dados de vacinação, ficaram indisponíveis por quase um mês. Isso significa, por exemplo, que instituições que dependem de dados governamentais sobre a COVID-19 para monitorar os desenvolvimentos locais em torno do vírus não podiam acessar as informações necessárias desde o início de dezembro de 2021.
Gerentes dos hospitais também relataram desafios trazidos pela falta de acesso aos dados, em aspectos como planejamento de novos leitos e compra de medicamentos, bem como contratação de profissionais.
No entanto, Rodrigo Cruz, secretário-executivo do Ministério da Saúde, insiste que não houve comprometimento de informações ou apagão de dados referentes à saúde da população.
“O ministério continuou a receber e divulgar dados [desde o ciberataque], especialmente os dados relativos à pandemia [do COVID-19]. Essas informações foram e continuam sendo facilmente acessíveis em nosso site por meio de nossos relatórios e boletins epidemiológicos”, disse .
O ataque em detalhes
Os criminosos usaram credenciais legítimas de acesso para invadir a rede nacional de dados do Ministério da Saúde. Rodrigo Cruz observou que esse banco de dados, baseado em nuvem, alimenta todos os sistemas de saúde do país, incluindo aqueles relacionados ao gerenciamento de pandemia, o que significa que não há necessidade de técnicas sofisticadas para que um ataque cibernético paralise as operações a nível nacional.
A responsabilidade pelo ataque foi reivindicada pelo Lapsus$ Group, que disse que 50 TB de dados foram extraídos dos sistemas do Ministério da Saúde e, posteriormente, excluídos.
O secretário do Ministério da Saúde confirmou que os invasores conseguiram acessar outros sistemas e excluíram os dados referentes à pandemia do COVID-19, bem como os sistemas onde estavam armazenados. “Não são sistemas de prateleira, que podem ser apagados e reinstalados com um CD ou pendrive,” comenta.
Cruz acrescentou que o primeiro desafio foi garantir que nenhum dado tivesse sido comprometido e, em seguida, reconstruir os sistemas para que o MS pudesse receber as informações geradas pelas cidades e pelos estados.
Ele destacou que todos os sistemas têm seus processos de captura de dados estabelecidos. E, de acordo com o Ministério da Saúde, todas as credenciais de acesso do departamento foram atualizadas e os processos de controle de acesso foram aprimorados. Além disso, foram avaliados os riscos cibernéticos e as vulnerabilidades dos principais sistemas do MS.
Um comitê de proteção de dados também foi criado, como parte do plano de ação do ministério para lidar com as consequências do ataque cibernético.
Questionado sobre a possibilidade de envolvimento de servidores públicos na ocorrência, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que “se houve sabotagem, não foi por parte do ministério”. Ele acrescentou que cibercriminosos orquestraram o ataque, e a Polícia Federal está investigando o caso.
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